Comunidades extintas, culturas extintas
Indígenas de todas as três Américas, Tribos de toda África e Ásia, Ciganos de toda Europa e Ásia, Aborígenes de toda Oceania, Esquimós de toda Região Polar Norte, e tantos outros.. Maravilhosas culturas perdidas. Indescritíveis experiências perdidas. Só restam agora os zoológicos humanos, como as terras demarcadas no Brasil, como a fome e a SIDA diluída em terras tribais africanas, vazio de caça e agricultura em terras australianas. A história da "evolução" humana é quase toda substitutiva e quase que jamais sintética, ou somativa. Culturas novas estupram as antigas ao invés de a elas se mutualizarem. É certo que nada dura para sempre, a não ser a Idéia, e então pelo menos essa poderia ficar. Uma sociedade repleta de museus não é uma sociedade que preserva seu passado, é uma sociedade burra que intenta driblar massacres que ela mesma muitas vezes não reconhece. Não me cansarei de escrever e dizer que a essência ecológica é a união, a interseção, a síntese. O estupro, protótipo gesto anti-ecológico, expressa-se enquanto dominador, sobrepositor que em sua própria natureza não reconhece aquilo ou aquele que escapa das fronteiras de seu universo, de sua pele. O estuprador pressupõe uma fronteira entre seu corpo e o corpo do outro, do contário estupraria a si mesmo. Não existem fronterias, existem membranas. Membranas não dividem países, não se compõem por arames farpados ou pele dessa ou daquela distante cor. Membrana pressupõe troca, seletiva, sempre. No máximo uma diferenciação, jamais uma exclusão ou um "estar alheio" como somos nós com o lixo quando este já não mais está em nossa casa ou na calçada aguardando o caminhão. Para onde vai e o que acontece com o lixo que sai desse caminhão? Queima-se, é enterrado, é de alguma forma reciclado? Para museus acho que não vão, é a única certeza que talvez eu poderia aceitar.


